quarta-feira, 27 de setembro de 2017

vértebras de um dilúvio:


se um vizinho fosse chamado não lembraria dos bulbos nas paredes dos quartos das meninas,
cosmologia de um quintal de urros,
túneis de tatus, 
soluços de aves,
bolas gigantes de plásticos,
pescoços retorcidos de galinhas, penas coladas nas mãos de um tia velha, orfã e miúda.

ainda que uma pipa ali tivesse pousado, 
(uma pipa pesada de cola colorida, massinha de modelar e os nomes delas decalcados)
você não poderia pressentir o choque das galinhas, o choro das irmãs

para cada transbordar do paranaíba no outro lado da cidade,
uma festa surda daquelas crianças para os para-raios,
onde habitavam as lagartixas e seus trenós glaciais.

três crostas de um acampado sem mastigação de cavalos, 
esculturas de cães, gesso amolecido pela chuva,
catequese de líquens, galochinhas esquecidas. 




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