terça-feira, 19 de abril de 2016

família cervídea neotropical


de resto, guarda sempre o rumor dos disparos, nem o luto da praça-prece como um pássaro pato nem a chuva sem o resto de cachorro atropelado levado ontem pelos meninos que engoliam balas quentes para o choro entrar menos frio no pulmão. a camiseta da greta 'bela lugosi's dead' dependurada em uma maquete de estante de livros polinizando uma nova cepa de mofo no livro roxo, algo da épica do povo de pasolini, adiante dois colchões traçados pela textura carunchada do piso ainda lameado das nossas botas e a música replicante de um álbum que só o tales mesmo gostava. conforme o trinado de luz adquiria uma coloração mina de carvão e as escamas do cataclismo pousavam no colchão demorava o despertador anunciar o dia natimorto da próxima sete horas da manhã. dormimos sem perceber o incêndio da lanchonete de pombos que ficava no térreo, a janela deslizada desconcertava os dentes, todos, a boca inchada de medo. a greta gritava nãomargotospombosestãomortoselesnãovãoentraragora. sem rosto, com mil dentes no abrigo antiquário, quantos pés no banheiro, lavavam meus olhos com um barro quase batismal de uma pia que urrava doença. a população, desenhada nas paredes pelo tales, do  filo chordata; classe mammalia; ordem artiodactyla família cervidae; espécies: veado-cariacu - Odocoileus virginianus, veado-campeiro - ozotoceros bezoarticus, cervo-do-pantanal - blastocerus dichotomus, veado-roxo - mazama nemorivaga, veado-catingueiro - mazama gouazoubira, veado-mãocurta - mazama nana, veado-materio - Mazama americana e veadomateiro-pequeno - mazama bororo, parecia duvidar daquela chacina do marasmo dos últimos dias. tantas silhuetas em uma casa que milharal assombrado enchia de insetos ao primeiro toque dos celulares. a rodoviária com a sua placa de natal sobrecarregada de piscas-piscas alertava um volte logo.

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