segunda-feira, 3 de junho de 2013

outono sem outono.


o estoque de ventos quentes desfazia a esperança do corpo ereto em presença da lesão que alegrava os outros dois, parados em um banheiro tão praia quanto os seus pés arenosos de curativos marrons, talvez pelo iodo, ou pela sujeira do casarão ainda preso na avenida inchada de serragem no mês, perto do março. descemos piscando as luzes, o gato ondulava a barriga e no outro instante teria iluminado o bairro inteiro com a queda antecipada. depois disso, suas pernas pararam por cinco anos. até a sirene em redemoinho vermelho invadir a sobra de casa, o quadril fixo fugia do rabo esmagado da lagartixa apelidada killer, meses antes, pela sobrinha adoecida por uma pilha de bactérias, eu te chupava em silêncio, tirava notas de sangue daquela corrida paralisada. enquanto a mecânica dos quarteirões faz cruzar o tempo, a porta solta dura menos que a lonjura do canto do pássaro preso, despertado pelo medo de sempre. tenho pensado nas aves migratórias, no metabolismo, no sono, no fôlego. principalmente no sono suspenso em madrugada tropical. mas não era isso. a câmera aberta do hospital lembra o corvo marinho, o biguá, quieto e manso sem o seu voo insone. foi no fim de um programa chapado que repetiu o nome biguá quando, em menos de um minuto de música, os olhos abertos do tales derrubaram sussurros. dessa vez, dormi sem retranscrever a história das outras aves. 

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